Por : Camila Rose B. de Lima
Tudo começou quando o cientista francês Henry Becquerel (1852-1908) observava um filme fotográfico e percebeu manchas de urânio neste material e chegou à conclusão que este elemento é radioativo.
Ele começou analisando o poder de penetração de raios fluorescentes, fez experimentos envolvendo tubos de raios catódicos, mas a sua descoberta da radioatividade aconteceu da seguinte maneira:
Ele envolveu chapas fotográficas com papel preto e as guardou em gavetas, dias depois percebeu que as mesmas, apesar de estarem envoltas pelo papel e bem escondidas, continham manchas. Este teste permitiu a Becquerel concluir que o que manchava as chapas fotográficas não eram raios solares, até porque o material estava bem protegido contra a luz incidente, mas sim a própria radiação do Urânio, essas observações o levaram a concluir que este elemento se tratava de um material radioativo.
Para comprovar se realmente era o Urânio que emitia tais radiações, Becquerel realizou mais testes envolvendo outros sais em contato com a chapa fotográfica, mas sempre que o sal de Urânio estava envolvido é que ocorria os efeitos radioativos. É válido lembrar que os raios de Urânio são invisíveis, penetrantes e altamente perigosos.
Henri Becquerel (1852-1908)
No ano de 1903, Henri Becquerel, junto ao casal Marie e Pierre Curie, receberam o Prêmio Nobel de Física, por suas pesquisas em radioatividade. Radioatividade ganhou esse nome, devido à descoberta do Rádio e do Polônio, pelo casal Curie. Infelizmente, Marie Curie, uma cientista que nos proporcionou tão grande avanço na ciência e enfrentou muitas vezes o preconceito sofrido pela mulher na ciência naquela época, morreu por conta de suas descobertas. Marie ficou tuberculosa e quase cega, devido à grande exposição à radiação.
Marie e Pierre Curie
O fato é que, com as descobertas científicas na área da radioatividade, muitos cientistas descobriram através de experimentos, várias características dos elementos radioativos. Como poderiam ser usados, onde podem ser usados, quais os ricos, etc.
Após todas as pesquisas, verificou-se que a radiação é um fenômeno onde alguns átomos instáveis ou radioativos, decompõem-se espontaneamente. Essa decomposição decorre da relação entre o número de nêutrons e prótons presentes no núcleo do átomo e forma átomos menores ou partículas subatômicas, liberando uma grande quantidade de energia.
Outro cientista que também contribuiu com informações importantíssimas, foi Ernest Rutherford, que através de um experimento com uma lâmina de ouro, pôde comprovar a existência de um núcleo massivo no átomo, e pôde classificar três tipos de partículas: Partícula Alfa, Partícula Beta e Raios Gama.
A partícula alfa tem carga elétrica positiva e não consegue atravessar por uma folha de papel, já que são pesadas e tem carga elétrica maior que as outras partículas ( beta e raios gama ). Quando um átomo emite uma partícula alfa, o número de massa diminui +2 e o número atômico diminui duas unidades.
A partícula beta é o elétron emitido por substâncias radioativas com grande velocidade. Chegando a atravessar 1 mm de alumínio e tendo carga menor que a partícula alfa. Quando é emitida pelo átomo, seu número atômico aumenta uma unidade.
Os raios Gama são muito mais penetrantes que as partículas alfa e beta. Eles viajam à velocidade da luz e são as ondas eletromagnéticas com menor comprimento de onda que conhecemos. Quando o átomo emite o raio gama, não acontece variação no número de massa nem no número atômico, porque dele não sai nenhuma partícula.
A radiação é empregada de diversas formas. Há algum tempo, ela era bastante utilizada para fins bélicos, o que causou e ainda causa remorso devido ao seu grande poder de destruição. Temos como exemplo, o desastre ocorrido na Segunda Guerra Mundial, quando bombas atômicas foram lançadas no Japão, deixando centenas de mortos e várias cidades devastadas até hoje.
Um dia após a explosão, os escombros em Hiroshima
eram cobertos por uma tênue cortina de fumaça
Em pequenas doses, a radiação não oferece riscos à saúde humana pois o nosso corpo tem tempo para substituir as células que possam ter sido destruídas. Já as doses muito fortes são fatais. O câncer é um dos maiores problemas associados à exposição de radiação, porque a radioatividade pode alterar o funcionamento das células fazendo com que elas cresçam desordenadamente, formando tumores. Além do câncer, outros problemas podem aparecer após a exposição, como a leucemia, queda de cabelo, mutações genéticas, fetos mau formados, lesões na pele, nos olhos, nas glândulas e no aparelho reprodutivo.
Mas hoje em dia, falar sobre radiação não é apenas motivo de medo. A radioatividade nos proporciona coisas essenciais, como a geração de energia através das usinas nucleares, no tratamento de doenças através da radioterapia, quimioterapia, exames de raios X, etc.
Além disso, a radioatividade está presente em nossa alimentação, agindo como conservante por meio de uma técnica chamada Irradiação de Alimentos, onde esses alimentos são expostos à uma quantidade de radiação que faz com que os germes e bactérias presentes, sejam eliminados, proporcionando um tempo maior de conservação. É importante ressaltar, que o nível de radiação emitido à esse alimento, não causa danos a saúde humana.
Para concluir, sabemos que a radiação ainda causa espanto na sociedade por conta de desastres e acidentes nucleares. Mas ao mesmo tempo que ela pode ser fatal, ela também é essencial nos dias atuais. Cabe a ciência, governo e sociedade saber usá-la sempre para o bem estar das pessoas e do nosso meio ambiente.
Fontes:
A Radioatividade e a História do Tempo Presente. Disponível em : < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a08.pdf > Acesso em 14 Fevereiro de 2013
As mulheres e o Prêmio Nobel de Química. Disponível em : < http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc14/v14a06.pdf > Acesso em 14 Fevereiro de 2013
Radiações: Riscos e Benefícios. Disponível em: < http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_radiacoes_riscos_e_beneficios.pdf> Acesso em 13 de Fevereiro de 2013
YOSHIMURA, Elisabeth. Física das radiações. 1. ed. São Paulo, Oficina de Textos, 2010.