domingo, 3 de março de 2013

FEROMÔNIOS: INTERAÇÃO QUÍMICA ENTRE SERES

por Everlane Silva Tenório

  Feromônios são substâncias químicas chamadas semioquímicos (sinais químicos) secretadas por um indivíduo em pequenas quantidades junto com outros compostos inativos, mas quimicamente semelhantes, que permitem uma comunicação intra-específica (de mesma espécie) com outros indivíduos. Em 1959, um pesquisador alemão chamado Butenandt isolou e identificou o primeiro feromônio sexual de inseto, conhecido como bombicol (estrutura química apresentada na figura B). O inseto estudado foi a mariposa do bicho-da-seda Bombyx mori (ver fig. A).



    Os feromônios servem para diversas funções e podem ser classificados em:

feromônios de marcação de trilha: Rastro químico deixado por um inseto, que só será detectado e entendido por outro inseto da mesma espécie.
feromônios de alarme: Insetos emitem um odor característico ao serem tocados avisando aos outros membros da colônia que um inimigo pode estar se aproximando.
- feromônios de ataque: Servem como aviso aos outros insetos de que devem atacar um intruso.
feromônios de agregação: Quando um inseto encontra comida ou um lugar bom para fazer moradia emite um feromônio para atrair os insetos da mesma espécie.
feromônios sexuais: utilizado para atrair o parceiro para a cópula e assim preservar a espécie, através da procriação (Fig. C). Na maioria dos casos, é o macho quem emite o feromônio, esperando que as fêmeas venham até ele.


                                          Fig, C- Percevejo escuro Leptoglossus zonatus (considerado uma
                                         das maiores pragas do milho  no Brasil) copulando, resultado 
                                         de uma atração efetuada por feromônios sexuais.

                                                            
           Feromônios e suas aplicações

  Uma vez que a identificação dos feromônios é intra-específica, eles podem ser utilizados na classificação taxonômica de várias espécies, tomando-se por base a produção de semioquímicos da espécie. Estudos estão sendo realizados para a aplicação de feromônios na agricultura, seja como forma de monitoramento populacional ou em armadilhas de captura de insetos, sendo hoje uma realidade cada vez maior na busca por formas racionais de controle de pragas  por serem substâncias naturais que regulam comportamentos essenciais para a sobrevivência da espécie, é pouquíssimo provável que os insetos possam vir a desenvolver algum tipo de resistência a eles, à semelhança do que ocorre com agrotóxicos tradicionais, descartando praticamente a possibilidade de haver danos ambientais.


    Foto: Feromônio pode controlar as prá-
   ticas agrícolas sem causar danos ao me-
   io ambiente.//Crédtitos Paulo Pereira


        Feromônios nos humanos

  Em humanos há evidência de que algumas substâncias atuam como feromônios dos tipos primers, sinalizadores ou moduladores, não havendo evidências que corroborem a ação de feromônios liberadores em adultos humanos. Os mais conhecidos até agora se referem à sincronia menstrual entre mulheres que conviveram por alguns meses, regulação do período de ovulação, mudanças no ciclo menstrual de mulheres que apresentaram atividade sexual freqüente junto a parceiros do sexo oposto, capacidade das mães de reconhecerem seus filhos por roupas previamente vestidas por eles, distinguindo-as por meio do olfato de outras vestidas por outras crianças e à preferência de bebês por mamilos de suas próprias mães durante a amamentação.

Referências:

DALACQUA, Mariana; Barros, Mirna Duarte. Feromônios humanos. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, 2006, p.27-31. Disponível em: < http://www.fcmscsp.edu.br/files/vlm51n1_5.pdf>. Acesso em: 24 fev. de 2013

FERREIRA, J. Tércio B.; Zarbin, Paulo H.G. Amor ao primeiro odor: comunicação química entre os insetos. In: Mortimer, Eduardo Fleury (Org.). Química: ensino médio. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006, p.21.

FERREIRA, J. Tércio B.; Zarbin, Paulo H.G. Amor ao primeiro odor: comunicação química entre os insetos. In: Química nova na escola. N° 7, maio 1998. Disponível em: <http://qnint.sbq.org.br/qni/visualizarTema.php?idTema=39>. Acesso em: 03 mar. de 2013.

Feromônios e outros semioquímicos: A linguagem química dos insetos. Disponível em:<http://www.agracadaquimica.com.br/index.php?&ds=1&acao=quimica/ms2&i=19&id=381>. Acesso em: 24 fev. de 2013.

Sinais químicos emitidos pelos insetos podem ser alternativa no controle de pragas. Brazil: Seedquest, 2011. Disponível em: < http://www.seedquest.com/news.php?type=news&id_article=15802&id_region=9&id_category=217&id_crop=>. Acesso em: 03 mar. de 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário