Por Jessica Bernardo
DEMÓCRITO E A
TEORIA ATOMÍSTICA
“Tudo que existe no universo, é fruto do acaso e da necessidade”
Demócrito
de Abdera (escolhido do povo) 460 a.C.- 370 a.C. nasceu na cidade de Abdera na
costa norte do Mar Egeu.
Considerado
o último grande filósofo da natureza, Demócrito concordava com seus
antecessores num ponto: as transformações que se podiam observar na natureza
não significam que algo realmente se transformava. Ele presumiu, então que
todas as coias eram constituídas por uma infinidade de partículas minúsculas,
invisíveis, cada uma delas sendo eterna e imutável. Aestas unidades mínimas
Demócrito deu o nome de átomos.
A palavra átomo significa indivisível. Para
Demócrito era muito importante estabelecer que as unidades constituintes de
todas as coisas não podiam ser divididas em unidades ainda menores. Isto porque
se os átomos também fossem passíveis de desintegração e pudessem ser divididos
em unidades ainda menores, a natureza acabaria por se diluir totalmente.
Além disso, as partículas constituintes da natureza
tinham que ser eternas, pois nada pode surgir do nada. Neste ponto, Demócrito
concordava com Parmênides e com os eleatas. Para ele, os átomos eram unidades
firmes e sólidas. Só não podiam ser iguais, pois se todos os átomos fossem
iguais não haveria explicação para o fato de eles se combinarem para formar por
exemplo rochas ou mesmo seres.
Demócrito achava que existia na natureza uma
infinidade de átomos diferentes: alguns arredondados e lisos, outros
irregulares e retorcidos. E precisamente porque suas formas eram tão
irregulares é que eles podiam ser combinados para dar origem a corpos os mais
diversos. Independentemente, porém, do número de átomos e de sua diversidade, todos
eles seriam eternos, imutáveis e indivisíveis.
Se um corpo – por exemplo, de uma árvore ou de um
animal – morre e se decompõe, seus átomos se espalham e podem ser
reaproveitados para dar origem a outros corpos. Pois se é verdade que os átomos
se movimentam no espaço, também é verdade que eles possuem diferentes engates e
podem ser novamente reaproveitados na composição de outras coisas que vemos ao
nosso redor.
É claro que também podemos construir objetos de
barro. Mas o barro nem sempre pode ser reaproveitado, pois se desfaz em partes
cada vez menores, até se reduzir a pó. E estas minúsculas partículas de argila
podem ser reunidas para formar novos objetos.
Hoje em dia podemos dizer que a teoria atômica de
Demócrito estava quase perfeita. De fato, a natureza é composta de diferentes
átomos, que se ligam a outros para depois se separarem novamente. Um átomo de
hidrogênio presente numa molécula de água pode ter pertencido um dia à uma
molécula de metano. Um átomo de carbono que está hoje no músculo de um coração
provavelmente esteve um dia na cauda de um dinossauro.
Hoje em dia, porém, a ciência descobriu que os
átomos podem ser divididos em partículas ainda menores, as partículas
elementares. São elas os prótons, nêutrons e elétrons. E estas partículas também
podem ser divididas em outras, menores ainda. Mas os físicos são unânimes em
achar que em alguma parte deve haver um limite para esta divisão. Deve haver as
chamadas partículas mínimas, a partir das quais toda a natureza se constrói.
Demócrito não teve acesso aos aparelhos eletrônicos
de nossa época. Na verdade, sua única ferramenta foi a sua razão. Mas a razão
não lhe deixou escolha. Se aceitamos que nada pode se transformar, que nada
surge do nada e que nada desaparece, então a natureza simplesmente tem de ser
composta por partículas minúsculas, que se combinam e depois se separam.
Demócrito não acreditava numa força ou numa
inteligência que pudessem intervir nos processos naturais. As únicas coisas que
existem são os átomos e o vácuo, dizia ele. E como ele só acreditava no
material, nós o chamamos de materialista.
Por detrás do movimento dos átomos, portanto, não
havia determinada intenção. Mas isto não significa que tudo o que acontece é um
acaso, pois tudo é regido pelas inalteráveis leis da natureza. Demócrito
acreditava que tudo o que acontece tem uma causa natural; uma causa que é
inerente à própria coisa. Conta-se que ele teria dito que preferiria descobrir
uma lei natural a se tornar rei da Pérsia.
Para Demócrito, a teoria atômica explicava também
nossas percepções sensoriais. Quando percebemos alguma coisa, isto se deve ao
movimento dos átomos no espaço. Quando vejo a Lua, isto acontece porque os
átomos da Lua tocam os meus olhos.
Mas o que acontece com a consciência? Está aí uma
coisa que não pode ser composta de átomos, quer dizer, de coisas materiais,
certo? Errado. Demócrito acreditava que a alma era composta por alguns átomos
particularmente arredondados e lisos, os átomos da alma. Quando uma pessoa
morre, os átomos de sua alma espalham-se para todas as direções e podem se
agregar a outra alma, no mesmo momento em que esta é formada.
Isto significa que o homem não possui uma alma
imortal. E este é um pensamento compartilhado por muitas pessoas em nossos
dias. Como Demócrito, elas acreditam que a alma está intimamente relacionada ao
cérebro e que não podemos possuir qualquer forma de consciência quando o
cérebro deixa de funcionar e degenera.
Com sua teoria atômica, Demócrito coloca um ponto
final, pelo menos temporariamente, na filosofia natural grega. Ele concorda com
Heráclito em que tudo flui na natureza, pois as formas vão e vêm. Por detrás de
tudo o que flui, porém, há algo de eterno e de imutável, que não flui. A isto
ele dá o nome de átomo.
REFERÊNCIAS
PARTINCTON Dover. A Short History of Chemistry, 1989. Disponível em :
<http://allchemy.iq.usp.br/metabolizando/beta/01/indice.htm#ATO>Acesso
em 15 Mar
2013
WIKIÉDIA
Disponível em : <http://pt.wikipedia.org/wiki/Dem%C3%B3crito_de_Abdera>
Acesso em 15 Mar 2013.
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